2006/04/24

Deixa-me rir...


Alberto João Jardim define-se como «um homem do 25 de Abril»
O presidente do governo regional da Madeira, Alberto João Jardim, definiu-se hoje como «um homem do 25 de Abril», afirmando ter concretizado na região os três «D» preconizados pela revolução.
Diário Digital / Lusa 23-04-2006
"Aquele que pensa que sabe muito, mas não sabe de nada, a sua ignorância é tanta que nem sequer está em condições de saber aquilo que lhe falta."

François Fénelon França [1651-1715]

2006/04/22

Penafiel Verde, E.M. - A. Municipal 21-4-2006


Faltaram argumentos ao Sr. Presidente da Câmara!
Efectivamente o Sr. Presidente não conseguiu justificar uma série de questões relacionadas com a anulação do concurso internacional para a concessão da água e do saneamento, bem como dúvidas relacionadas com a nova empresa municipal. Mas vamos por partes.
No que diz respeito à anulação do concurso, continua a não reconhecer que cometeu um erro grosseiro ao alterar as regras do concurso enquanto ele decorria, introduzindo alterações ao programa e cadernos de encargos, retirando todos os equipamentos afectos à captação, estações elevatórias, reservatórios, condutas adutoras e ETA´s, eliminando assim do concurso o sub-sistema de alta do abastecimento de água.
Diz o Sr. Presidente que em 2003, e com as condições de então, a concessão era a única saída e que o P.S. também o reconhecia. Esqueceu o Sr. Presidente de referir que o P.S. tentou atenuar o impacto da concessão apresentando uma proposta em que o prazo da concessão passava para 25 anos (a proposta da câmara era 35 anos), o prazo em que o investimento tinha que ser realizado era muito menor passando a sua conclusão de 2014 para 2008, bem como, que o tarifário referência para o preço da água e saneamento fosse o então praticado à data pela câmara municipal, de modo a impedir aumentos exagerados da água. O P.S. concordou na altura que a concessão era a única saída mas como podemos ver a nossa visão da concessão era muito diferente, não era Sr. Presidente?
Referiu também o Sr. Presidente, à falta de argumentos válidos, que o P.S. na campanha eleitoral defendeu a anulação do concurso e a realização de um novo concurso, esqueceu-se mais uma vez o Sr. Presidente de referir que o P.S. defendeu efectivamente a realização de um novo concurso de concessão, só para a captação e distribuição em alta, ficando a distribuição em baixa sob o controlo da autarquia!
Para finalizar disse que o P.S. "arranjou" um subterfugio no objecto social da nova empresa municipal, para não votar a favor! Pois é Sr. Presidente, o certo é que o Sr. não conseguiu explicar porque é que a empresa não se irá dedicar só à água e saneamento, bem como, porque não autorizou a criação de um conselho geral da empresa onde poderia estar representada a oposição.

Comemorações do 25 de Abril

Afinal o bom senso imperou e Penafiel vai ter, como habitualmente, as comemorações do 25 de Abril.
Não deixa no entanto de ser curioso o programa das comemorações promovido em conjunto pelo Sr. Presidente da Câmara e pelo Sr. Presidente da Assembleia Municipal.
Quem costuma visitar com frequência o sítio da C.M.P. na internet, terá concerteza reparado que consta da agenda à muito tempo um concerto da orquestra do norte no dia 24-04 às 21.30h e um encontro de folclore no dia 25-04 às 15.00h, estes dois eventos não surgem ligados a qualquer comemoração do 25 de Abril.
Verifica-se então que estes dois eventos aparecem no dito programa das comemorações do 25 de Abril, feito à pressa para não alastrar a polémica e porque parecia mal só fazer a sessão solene!
Fico satisfeito por se comemorar o 25 de Abril na minha terra, mas não posso deixar de manifestar a minha surpresa pelo incomodo que esta data ainda provoca a algumas figuras da direita. É por isso, mas não só por isso, que é fundamental não deixar de comemorar Abril, antes que essa direita meta definitivamente esta data, e todos os ideiais que lhe estão associados, num baú cheio de bolas de naftalina!
25 de Abril sempre!

2006/04/20

"O bom senso é a coisa do mundo melhor distribuída: todos pensamos tê-lo em tal medida que até os mais difíceis de contentar nas outras coisas não costumam desejar mais bom senso do que aquele que têm."
René Descartes França[1596-1650] Filósofo

2006/04/18

Eles são assim...25 de Abril SEMPRE!


25 de Abril: parlamento madeirense critica PS e BE
O parlamento madeirense criticou hoje PS e BE por terem apresentado e aprovado no passado dia 30 na Assembleia da República votos de protesto pela decisão da Assembleia Legislativa Regional em não comemorar o 25 de Abril.
O voto de protesto apresentado pela bancada do PSD-M - «Pela instrumentalização da Assembleia da República pelo BE e PS, eternos inimigos da autonomia político-administrativo da Região Autónoma da Madeira» - recebeu o voto favorável do PSD-M, a abstenção do CDS/PP-M e contra do PS-M, BE-M e PCP-M.
Os dois deputados independentes não participaram na votação por estarem ausentes do plenário.
O PSD-M considera, no documento, que «comemorar o 25 de Abril de 1974, não deverá ser entendido apenas como uma efeméride histórica, uma data circunscrita no tempo, mas expandir-se para o seio da sociedade, ser colocado ao serviço do povo».
Por isso, considera que o Governo da República deve «no seu dia-a-dia, envidar esforços para que se cumpra a autonomia constitucionalmente consagrada».
«O 25 de Abril e o conceito de liberdade que encerra, não se esgota num só dia, antes deverá ser vivido todos os dias», realça o documento do PSD-M.
No voto e protesto pode ler-se, designadamente que o Governo da República «deve fazê-lo, no que concerne ao respeito pelo símbolo regional, a bandeira da região, devendo hasteá-la nos serviços da dependência da República e ao respeito pelo cumprimento do princípio da continuidade territorial».
Nessa medida, o voto do PSD-M expressa «o seu mais veemente protesto pelas atitudes indignas patenteadas por todos os partidos de esquerda, bem como pela permanente afronta que os mesmos fazem à autonomia, à Madeira e aos madeirenses e portosantenses, utilizando a Assembleia da República como arma de arremesso, numa tentativa de confundir e dividir os portugueses».
O voto de protesto foi apresentado pelo presidente do Grupo Parlamentar do PSD-M, Jaime Ramos, que apelidou os deputados do PS e do BE na Assembleia da República de «se armarem em donzelas sérias e honestas» e não respeitarem a vontade da maioria na Assembleia Legislativa.
O deputado do PCP-M, Leonel Nunes, acusou os deputados sociais-democratas, ao não celebrarem o 25 de Abril, de «cuspirem na sopa que comem» porque a revolução de Abril foi quem permitiu a autonomia.
Bernardo Martins, líder do Grupo Parlamentar do PS-M, salientou que a Assembleia da República tem o direito de se pronunciar sobre o todo nacional, enquanto a deputada do BE, Violante Matos, acusou a maioria de desrespeitar permanentemente a oposição.
Diário Digital / Lusa
05-04-2006 13:52:00

2006/04/17

A "Evolução" da "Revolução"

Lembram-se deste cartaz? Lembram-se que o governo PSD/PP queria transformar a Revolução de Abril em "evolução"?
Infelizmente também o executivo PSD/PP (mais conhecido por "Penafiel quer") que "governa" o nosso Concelho, liderado pelo Sr. Presidente da Câmara e pelo Sr. Presidente da Assembleia Municipal querem "evoluir", deixando de comemorar o 25 de Abril em Penafiel!
Muito obrigado meus Senhores, mas dispenso esta "evolução", 25 de Abril SEMPRE!

“Que o poema seja microfone e fale
uma noite destas de repente às três e tal
para que a lua estoire e o sono estale
e a gente acorde finalmente em Portugal”

(Manuel Alegre)

25 de Abril Sempre!


Mais de duas décadas volvidas, que significado tem comemorar o 25 de abril? Não se tratará de mais um acesso de saudosismo piegas?
Seguramente não! Se o 25 de abril foi o nosso reencontro com a liberdade por longo tempo recusada, recordá-lo há-de ser um acto de balanço do que fizemos dessa preciosa conquista. Estivemos à altura da sua preservação? Do seu aprofundamento?
Se a resposta é sim, felicitemo-nos! se é não, teremos então de preocupar-nos!
A celebração do dia da liberdade é um bom dia para balanço. Do que já fizemos. Do que deixámos de fazer. Do que é preciso que se faça.
Era tradição no nosso Concelho que as comemorações do 25 de Abril tivessem o seu ponto alto numa Sessão Solene, realizada no Salão Nobre da Câmara Municipal de Penafiel. Essa sessão era organizada pela Câmara Municipal, sendo dada a palavra a todos os partidos com assento na Assembleia Municipal. Em 2003, e por sugestão do Sr. Presidente da Assembleia Municipal de então, Sr. Prof. Dr. Barbosa de Melo, as comemorações do 25 de Abril passaram a ser organizadas pela Assembleia Municipal, visto ser o orgão mais representativo da Democracia em Penafiel. Nesse ano e no seguinte a dita sessão solene foi realizada na sala da Assembleia Municipal, tendo sido apresentado pelo grupo municipal do PS e subscrito pela CDU, posteriormente às comemorações de 2004, um protesto pela falta de dignidade das comemorações desse ano. Talvez por esse motivo, em 2005 a sessão solene voltou a ser realizada no salão nobre da Câmara Municipal, convém referir que desde que ganhou as eleições o Dr. Alberto Santos nunca participou nas comemorações do 25 de Abril!
Esta contínua desvalorização das comemorações do 25 de Abril (quer ao nível da sessão solene, quer em relação ao restante programa que praticamente deixou de existir), atinge este ano o seu expoente máximo, o Sr. Dr. Lobo Xavier (Presidente da Assembleia Municipal e destacado dirigente do CDS/PP), propôs aos restantes partidos a não realização da sessão solene, ou por outras palavras a não comemoração do 25 de Abril este ano!
Não posso deixar de expressar o meu total repúdio por esta situação, sendo que irei fazer tudo o que estiver ao meu alcance para que o 25 de Abril seja comemorado com dignidade no nosso Concelho!

2006/04/13

Que vergonha...


Oito propostas do Governo e um voto de protesto do CDS/PP ficaram ontem, véspera de férias de Páscoa, por votar no Parlamento por falta de quorum de deputados. Dos 230, estavam no plenário apenas 111 parlamentares, quando são necessários, no mínimo, 116 para se poder proceder a votações.
Os partidos trataram de descartar responsabilidades, mas o presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, foi peremptório ao dizer que o regimento será "taxativamente cumprido". Ou seja, aos deputados faltosos cujas faltas sejam consideradas injustificadas será descontado 1/20 do seu vencimento.
Foi o próprio Gama que se apercebeu da situação já perto das 19 horas. "Não há quorum de deliberação", anunciou. Na ocasião, apesar do PSD ter 75 eleitos, estavam apenas nas filas da frente alguns membros da direcção e deputados que tinham participado num debate sobre Justiça. No CDS/PP viam-se menos de metade dos deputados. À Esquerda, o PCP e o BE eram as bancadas mais compostas. No PS faltavam muitos dos 121 eleitos.
O período de férias da Páscoa ajudou à debandada, pois o Parlamento só retoma os trabalhos na quarta-feira. Em 2004, deu-se um caso semelhante, mas a direcção da bancada do PSD (então maioritária) adiou a votação. Ontem, foi nesta linha que o actual líder parlamentar do PSD atirou as culpas ao PS . "É lamentável que um partido maioritário não assegure o quorum", declarou Marques Guedes, responsabilizando Alberto Martins por não ter assegurado que os diplomas do Governo fossem votados pela sua própria maioria.
O líder parlamentar do CDS atacou PS e PSD. "Quem mais faltou foi quem tinha mais obrigação de garantir o quorum, foram os partidos maioritários", apontou Nuno Melo, garantindo que na sua bancada apenas faltaram Telmo Correia (no estrangeiro a representar o Parlamento) e Pedro Mota Soares (licença de paternidade).
Para o BE, que tinha sete dos seus oito deputados, foi um "episódio lamentável", que representa "um desprestígio marcante para o Parlamento". No PCP, faltaram quatro dos seus 12 deputados.
O PS recusa, porém, aceitar responsabilidades. "Bastava olhar para as bancadas para ver quem estava presente", disse o vice-presidente da bancada, Vitalino Canas, pedindo prudência "Temos que ver as razões porque muitos deputados não se encontravam presentes".
Que vergonha meus senhores... É assim que querem credibilizar a política?

2006/04/08

Prestação de contas (C.M.P. - 2005)

Foram apresentadas e votadas as contas da C.M.P. relativas ao ano de 2005, vamos pois analisar de uma forma resumida alguns números.
No P.P.I. (Plano Plurianual de Investimentos) de 2005 estavam previstos 37,6 milhões de euros (M€) de investimento, apenas foram executados 13,3 o que dá uma taxa de execução de 35,4%. E como 2005 foi o ano em que terminou o primeiro mandato da coligação, podemos fazer uma comparação em que se verifica que o ano 2005 foi o que teve a menor taxa de execução de todo o mandato: 2002 - 38%, 2003 - 46,5%, 2004 - 37,4% e 2005 - 35,4%. Este valor apenas vem confirmar as dúvidas levantadas pela bancada do P.S. na Assembleia Municipal aquando da aprovação da proposta de orçamento para 2005 e respectivo P.P.I....
Como já referi e sendo 2005 o último ano do 1º mandato da coligação , é de todo o interesse para a câmara e para os municípes apreciar-mos em termos globais os 4 PPI's. Assim pode-se constatar que nestes quatro anos a câmara previu investir 140M€ em projectos e acções a desenvolver ao nível das funções gerais, sociais, económicas e outras. Estaría bem o Município se esse investimento tivesse sido concretizado, infelizmente, como não passava de intenções, apenas foram investidos 54,4 M€, para um total de 125 M€ de receitas, correspondendo a uma taxa de execução de 39,4%.
Registe-se que dos 54,4 M€ investidos nos 4 anos do 1º mandato, 13M€ foram aplicados nas acessibilidades, 11,7M€ no saneamento/abastecimento de água e resíduos sólidos, merecendo a cultura e o desporto um investimentode 5,2M€ enquanto na educação foram investidos 6,4M€.
Se tivermos em conta que o investimento concretizado representa apenas 43,5% do total dos 4 orçamentos, e que as despesas correntes absorveram 52% de um total de 125M€, entendo que o esforço de investimento para infraestruturas básicas e fundamentais para a qualidade de vida dos Municípes, deveria ter sido maior. Mas tal só sería possível se o executivo tivesse adoptado medidas concretas para a contenção da despesa corrente, o que não fez, já que a mesma cresceu à média de 10% ao ano.
Em contraponto as despesas de capital tiveram um crescimento negativo em 2005 de -8,6%, o que em termos de mandato dá uma evolução média anual das despesas de capital de 1,25%!
Espero que este executivo mude de estratégia no que diz respeito à realização das despesas correntes, que adopte uma política de contenção de despesas não produtivas e consequentemente canalize para as despesas de capital o investimento necessário para o desenvolvimento de Penafiel.

2006/04/07

Penafiel Verde, E.M.


A empresa Penafiel Verde, E.M., tem como objecto:
A gestão e exploração dos sistemas municipais de abastecimento de água e de drenagem e tratamento de águas residuais no Município de Penafiel e a implementação, desenvolvimento, construção, gestão e/ou exploração de infra-estruturas de interesse municipal, parques industrais e tecnopolos.
Embora como princípio geral me pareça aceitável a criação de uma empresa municipal para a gestão da água e do saneamento, não posso deixar de estranhar a inclusão de outras competências no objecto desta nova empresa municipal. Entendo que esta nova empresa devería centralizar e concentrar todos os seus esforços num único objectivo: proporcionar aos Municípes um serviço de qualidade no que diz respeito ao abastecimento de água e tratamento de águas residuais. Por esta razão os Vereadores do P.S. apresentaram na última reunião de câmara uma proposta que visava eliminar do objecto social da empresa a implementação, desenvolvimento, construção, gestão e/ou exploração de infra-estruturas de interesse municipal, parques industrais e tecnopolos, visto que existe no Município outra empresa municipal (Profidélis, E.M.), que podería perfeitamente "absorver" estas problemáticas, já que o seu objecto assim o permite.
Embora o Sr. Presidente tenha afirmado por mais do que uma vez, na reunião de câmara, que esta empresa municipal vai tratar única e exclusivamente da água e do saneamento, e que a questão das restantes competências é apenas para permitir a criação de parcerias com privados, nomeadamente para a gestão da zona industrial de Recezinhos, então porque não acolheu a nossa proposta? Em relação à hipotese de estas questões serem tratadas pela Profidélis, o Sr. Presidente referiu que a mesma está mais virada para a cultura, e que assuntos desta complexidade necessitavam de uma gestão mais rigorosa e de gestores mais identificados com estas situações!!! (Isto é que é um atestado de confiança aos administradores da Profidélis!). Perante a insistência dos Vereadores do P.S., o Sr. Presidente voltou a afirmar que a nova E.M. iria apenas tratar da problemática da água e do saneamento, e que podía ficar em acta!
Foi entretanto referido pelo meu colega de vereação o Engº António França o caso da empresa municipal de água e saneamento de Braga (entre outras), que viu ser privatizado pela autarquia 49% do seu capital social, o Sr. Presidente apressou-se a dizer que não há qualquer intenção de privatizar, apenas se quer estabelecer parcerias com privados... A ver vamos!
Devido ao facto de a nossa proposta de alteração do objecto da empresa não ter sido aprovado, os Vereadores do P.S. abstiveram-se na votação da criação da E.M. na última reunião de Câmara realizada em 5 de Abril de 2006.

O porquê da nossa abstenção

Tendo sido citada nos órgãos de comunicação social a declaração de voto apresentada pelos vereadores do PS sobre a anulação do concurso para a concessão da água e saneamento, e para que “alguns” não falem do que não sabem, e não se limitem a parasitar o trabalho dos outros, aqui deixo a declaração de voto.

DECLARAÇÃO DE VOTO

Os vereadores do PS abstêm-se na votação do ponto 24 da ordem do dia (Anulação do procedimento de concurso público internacional para a concessão de exploração e gestão dos sistemas de abastecimento de água para consumo público e de recolha, tratamento e rejeição de efluentes de Penafiel) [da reunião privada da Câmara de 5 de Abril] por considerarem que :
1. Passados três anos sobre a abertura do concurso público internacional para a concessão da água e saneamento do concelho de Penafiel, o Sr. Presidente da Câmara propõe a anulação do concurso invocando circunstâncias imprevisíveis de natureza superveniente e de interesse público que alteraram os pressupostos da concessão.
2. São duas as circunstâncias supervenientes invocadas: a realização de investimentos pelo município ao nível da rede de distribuição de água e do saneamento de águas residuais enquanto decorria o procedimento do concurso, e as novas orientações políticas definidas pelo Governo no PEAASAR II (Plano Estratégico de Abastecimento de Água e Saneamento de Águas Residuais) recentemente apresentado.
3. Tendo as propostas dos concorrentes ao concurso sido apresentadas em 1 de Setembro de 2003, nenhuma explicação é dada pelo Sr. Presidente para o facto de a Comissão de Análise das propostas, durante estes dois anos e meio de análise, não ter chegado – que se saiba publicamente – a qualquer conclusão.
4. Por outro lado, o Sr. Presidente da Câmara esqueceu-se de referir na sua proposta que o concurso para a concessão da água e saneamento tinha sido inquinado pela sua decisão – despacho precário exarado em 28 de Julho de 2003 e posteriormente ratificado em reunião da Câmara de 1 de Setembro do mesmo ano - de alterar as regras do concurso enquanto ele decorria, introduzindo alterações ao programa e cadernos de encargos, retirando todos os equipamentos afectos à captação, estações elevatórias, reservatórios, condutas adutoras e ETA´s, eliminando assim do concurso o sub-sistema de alta do abastecimento de água.
5. O PS, quer na Câmara quer na Assembleia Municipal, particularmente na sessão de 26 de Setembro de 2003, bem alertou o executivo da maioria PSD/PP que as alterações introduzidas nas regras do concurso não podiam ser feitas e punham em causa a validade legal do mesmo e o interesse público municipal.
6. Afigura-se que as verdadeiras razões pelas quais o executivo PSD/PP procede agora à anulação do concurso, prendem-se mais com o imbróglio das alterações introduzidas de forma ilegítima nas regras do concurso que o inquinaram de forma irremediável, do que com as razões invocadas.
7. Esqueceu-se também o Sr. Presidente de referir o que ultimamente, quer nas reuniões da Câmara quer na Assembleia Municipal, vinha dizendo sobre a busca de uma solução multimunicipal, envolvendo os município da Comunidade Urbana do Vale do Sousa, para a resolução integrada do saneamento.
8. Os sinais evidentes que o executivo vinha dando – continuação dos investimentos no alargamento da rede de abastecimento de água e em redes de saneamento, e na procura de uma solução alternativa multimunicipal – faziam prever que, mais tarde ou mais cedo, viria a tomar a decisão de anular o concurso. Resta saber se, para além das alterações das regras do concurso enquanto ele decorria, não existirão outros motivos relacionados com os valores da tarifa média e da renda da concessão, factores que pesavam 78% do peso total dos critérios de avaliação das propostas, e se terá havido alterações posteriores ao programa de concurso, sob a forma de “esclarecimentos adicionais para a apreciação das propostas” que terão funcionado de “sub-sub-critérios” de avaliação que poderão ter inquinado ainda mais o concurso.
9. Esperemos que esta decisão de anulação do concurso para a concessão da água e saneamento, ao invocar as razões apresentadas, não venha a trazer mais encargos e prejuízos para o município.
Os vereadores do PS,
João Almeida, António França, Nuno Peixoto

Aí está a anulação há muito anunciada!


Conforme era esperado há muito tempo, a Câmara Municipal de Penafiel anulou o procedimento de concurso público internacional para a concessão de exploração e gestão dos sistemas públicos de abastecimento de água para consumo público e de recolha, tratamento e rejeição de efluentes de Penafiel. Efectivamente passados três anos veio a confirmar-se o que a bancada do P.S. na Assembleia Municipal já tinha previsto no mandato anterior.
A sucessão de atropelos e trapalhadas provocados pelo executivo da coligação ao longo do concurso não poderiam levar a outro fim.
O Sr. Presidente da Câmara alega razões supervenientes para anular o concurso, que são genericamente as seguintes: parte do plano de investimentos previsto e que constituía uma das obrigações da ajucatária já ter sido executado e cumprido pelo Município e que as metas definidas inicialmente pelo PEAASAR (Plano estratégico de Abastecimento de Água e Saneamento de Águas Residuais) para o ano de 2006 foram alteradas.
O que o Sr. Presidente se esqueceu de dizer foi que em 28 de Julho de 2003 através de um despacho precário, posteriormente ratificado em reunião da Câmara de 1 de Setembro do mesmo ano, decidiu introduzir alterações ao programa e caderno de encargos, retirando todos os equipamentos afectos à captação, estações elevatórias, reservatórios, condutas adutoras e ETA´s, eliminando assim do concurso o sub-sistema de alta do abastecimento de água!? Vamos fazer um racíocinio simples, imaginem-se na posição de uma empresa concorrente, que a meio de um concurso complexo vê alteradas de uma forma substâncial as regras do concurso, ou então imaginem-se na posição de uma empresa que não concorreu porque as condições do concurso não lhe interessavam, mas que provalvelmente poderia concorrer se as regras iniciais fossem as que se vieram a verificar depois do despacho do Sr. Presidente? Esta situação provocada pelo Sr. Presidente da Câmara pôs claramente em causa a validade legal do concurso, pois como é lógico as regras não podem ser alteradas a meio do mesmo, foi por esta razão que o P.S. na Assembleia Municipal de 26 de Setembro de 2003 levantou o problema, ficando bem claro desde essa data que a resolução desta "trapalhada" só poderia ficar resolvida com a anulação do concurso, esta sim é a verdadeira razão desta anulação !
Mas o Sr. Presidente nas justificações que deu para anular o concurso também se esqueceu de referir o que ultimamente, quer nas reuniões da Câmara quer na Assembleia Municipal, vinha dizendo sobre a busca de uma solução intermunicipal, envolvendo os municípios da Comunidade Urbana do Vale do Sousa, para a resolução integrada do saneamento.
O Executivo camarário vinha dando sinais evidentes, como a continuação dos investimentos no alargamento da rede de abastecimento de água e em redes de saneamento, e na procura de uma solução alternativa intermunicipal – faziam prever que, mais tarde ou mais cedo, viria a tomar a decisão de anular o concurso. Resta saber se, para além das alterações das regras do concurso enquanto ele decorria, não existirão outros motivos relacionados com os valores da tarifa média e da renda da concessão, factores que pesavam 78% do peso total dos critérios de avaliação das propostas, e se terá havido alterações posteriores ao programa de concurso, sob a forma de “esclarecimentos adicionais para a apreciação das propostas” que terão funcionado de “sub-sub-critérios” de avaliação que poderão ter inquinado ainda mais o concurso.
Foi então aprovada a criação da empresa municipal PENAFIEL VERDE, que tem como objectivo a gestão e exploração dos sistemas municipais de abastecimento de água e de drenagem e tratamento de águas residuais no Municipío de Penafiel, mas este não é o único objectivo da empresa... Mas sobre isso falaremos noutro contexto. Está então encontrada a saída para a "trapalhada" em que este executivo estava "metido" à três anos, esperemos que seja esta a melhor solução para servir os Penafidelenses e que as "trapalhadas" tenham ficado por aqui.

2006/04/02

A gestão dos centos urbanos: diferentes experiências, diferentes modelos

O que se entende hoje por comércio é muito mais do que a mera transacção de bens, pois é cada vez mais frequente que o comércio efectue simultaneamente a venda/ prestação de serviços. Esta reformulação do conceito de comércio significa que a oferta se deve desenhar em torno das preferências da procura, respondendo aos seus novos hábitos e comportamentos de consumo. A importância não só económica mas também social e cultural do comércio é reconhecida por um número crescente de cidades, que optam pela criação de um organismo de gestão do centro urbano, à imagem dos centros comerciais, que envolva os diferentes agentes económicos e políticos, conciliando os seus interesses. Neste domínio, algumas experiências estrangeiras mostram as diferenças entre os modelos europeus e o modelo norte-americano, que se destinguem essencialmente pelos papéis atribuídos aos sectores público e privado.
Na Bélgica, discute-se pela primeira vez o conceito de gestão de centro urbano em 1996, na sequência de uma reflexão em torno das soluções para as dificuldades socio-económicas de Charleroi, uma cidade da região de Wallone que enfrentava problemas de desertificação e desqualificação urbana.
Após a realização de estudos sobre as experiências estrangeiras no domínio da revitalização urbana, o Governo Regional intervém, apoiando financeiramente a criação de um projecto de gestão integrada da cidade. Este projecto contou com a adesão da União do Comércio Independente, do Centro de Formação das Classes Médias e dos empresários. Em 1998 surge a Associação de Gestão do Centro Urbano, destinada à divulgação e implementação do conceito em toda a região. Segue-se a estruturação de um comité de coordenação - de forma a reunir o consenso entre os diferentes agentes - e de uma unidade de gestão do centro urbano, financiada pelos sectores público e privado, a contratação de um gestor de centro urbano e a elaboração de uma campanha de comunicação, que transmita e promova a "identidade da cidade".
Para seguir esta experiência-piloto e assegurar a continuidade deste tipo de modelo, entre outras iniciativas, desenvolveu-se um comité inter-ministerial, um Observatório do Comércio e um Observatório da Habitação, e ainda uma Federação Regional de Unidades de Gestão.
No modelo francês, é a Federação Nacional de Centros Urbanos que dá início a este processo. No entanto, a gestão do centro urbano e os comités de coordenação são co-financiados pelos sectores público e privado, existindo uma parceria, sem fins lucrativos, entre os empresários, os poderes locais, as associações de comerciantes e o Estado. Relativamente às políticas de urbanismo, a decisão final é do município. O Estado, por via do Ministério do Ordenamento do Território, apoia um programa de revitalização urbana, que requer diversos procedimentos: a adopção pelas colectividades locais de um projecto económico e urbanístico coerente; a organização de uma parceria público-privada para a promoção de um centro urbano equilibrado e atractivo; e, finalmente, a nomeação de um responsável do projecto.
Na Suécia encontram-se frequentemente três níveis de associação à escala local: um comité consultivo que agrupa os diferentes intervenientes; um grupo de coordenação que reúne apenas os financiadores; uma unidade de gestão, constituída por três a quatro pessoas que conduzem os grupos de trabalho.
O financiamento destina-se a operações de promoção, geralmente subsidiadas pelos agentes económicos, e operações de melhoria e ordenação do território urbano, na sua maioria financiadas pelos municípios. As primeiras experiência deram-se nos anos 90, trazendo actualmente benefícios a centenas de cidades.
No Reino Unido, o conceito foi desenvolvido nos anos 80 e teve como base o modelo de gestão integrada dos centros comerciais. Em 1991 criou-se a Associação dos Town Centre Management, que proporciona a troca de experiências e a formação dos gestores de centros urbanos. Dois anos depois, membros dos sectores público e privado e um grupo de 70 gestores elaboram um plano directivo de apoio à planificação das intervenções.
O papel do gestor é sobretudo o de mediador. Neste país, uma das dificuldades encontradas está relacionada com a resistência dos empresários ao pagamento de quotas, sendo o financiamento da gestão de carácter público.
Em 1985, surgiu, no Canadá, uma fundação privada sem fins lucrativos, designada "Ruas Principais", com o objectivo de apoiar a revitalização das regiões, de alertar para os problemas patrimoniais e estimular a criação de novas associações regionais.
Esta organização conta com um responsável de projecto e com um comité de gestão, onde participam voluntários, associações de comerciantes e empresários, assim como o município. A neutralidade da fundação favorece o consenso entre parceiros. Tal como no modelo francês, os projectos são financiados tanto pelo sector público como pelo privado.
No final dos anos 70, o declínio dos centros urbanos norte-americanos face à expansão da periferia deu lugar aos Special Assessment Districts, que antecedem os Business Improvement Districts: organizações privadas sem fins lucrativos, que impõem aos proprietários uma taxa destinada à prestação de serviços de interesse comum que, na maior parte dos países europeus, são responsabilidade exclusiva da Administração Pública. As vantagens para os proprietários passam pela valorização a longo prazo das suas propriedades, ao passo que os arrendatários beneficiam a curto prazo do incremento de vendas. A prestação de serviços é negociada com os governos locais, tendo em vista a gestão integrada da cidade.
Em Portugal, o governo tomou a iniciativa, através do PROCOM (Programa de Incentivo à modernização do Comércio), de subsidiar os projectos especiais de urbanismo comercial, regulamentados pelo Decreto-Lei n. 184/94 de 1 de Julho de 1994. Estes projectos uniram esforços de associações de comerciantes e câmaras municipais. De forma a promover a implementação de instrumentos para a modernização da actividade comercial, integrados na dinamização dos centros históricos, a Direcção Geral do Comércio e da Concorrência criou o conceito de "centro comercial a céu aberto".
Entre 1994 e 1999, foram aceites 3493 candidaturas, de 129 concelhos, que corresponderam a um investimento de aproximadamente 56 milhões de contos, sendo que o investimento público se traduziu em cerca de 31 milhões de contos. Segundo a classificação oficial por NUTS II, a região Norte congregou maior número de projectos, maior valor de investimento e financiamento.
As actividades económicas relacionadas com o sector do "vestuário e calçado" e com o canal HORECA (alojamento e restauração) registaram um comportamento mais dinâmico, reunindo maior número de projectos, de investimento e de incentivo.
Em Maio de 2000, o governo português aprovou o URBCOM (Sistema de Incentivos a Projectos de Urbanismo Comercial). Relativamente ao primeiro programa, o URBCOM introduz a necessidade de descentralização do acompanhamento das candidaturas individuais das empresas, da formação de estruturas de gestão do centro da cidade e do apoio a acções de formação profissional.
Estão actualmente em vigor vários programas de incentivos ao comércio, a saber: SIPIE – Sistema de Incentivos às Pequenas Iniciativas Empresariais (PRIME), URBCOM – Sistema de incentivos a projectos de urbanismo comercial (PRIME) e o MODCOM – Sistema de incentivos a projectos de modernização do comércio (FMC). O MODCOM tem como principal objectivo a modernização e revitalização da actividade comercial em especial: em centros de comércio com predomínio do comércio independente de proximidade; em zonas urbanas ou rurais e a promoção de acções dirigidas ao comércio. Este programa divide-se em três eixos de acção: Acção A – Projectos empresariais individuais autónomos, Acção B – Projectos empresariais individuais integrados, sendo estas duas acções dirigidas a micro e pequenas empresas do comércio, e a Acção C – Projectos de promoção comercial de centros urbanos, dirigida a estruturas associativas do sector do comércio
Em termos gerais, os modelos europeus e norte-americano assentam no desenvolvimento de uma gestão pró-activa das áreas comerciais, através do estabelecimento de uma organização, onde participam representantes do poder político, dos empresários e dos cidadãos/consumidores, de forma a promover os interesses da cidade como um todo.