2008/01/10

CCP tem "visão muito diferente" da apresentada pelo primeiro-ministro na mensagem natalícia

A Confederação do Comércio Português (CCP) tem "uma visão muito diferente" da apresentada pelo primeiro-ministro na mensagem de Natal e não prevê que a situação melhore em 2008, afirmou João Vieira Lopes, vice-presidente da confederação.

Em especial, no que diz respeito ao desemprego, os representantes do comércio tradicional consideram a situação actual é pior do que parece, já que "o desemprego real é superior àquilo que as estatísticas indicam".
"Só nos últimos três anos, encerraram mais de 20 mil estabelecimentos comerciais em Portugal, sendo que a maior parte dos proprietários e cônjuges que com eles trabalhavam, nem sequer têm direito a subsídio de desemprego", disse à agência Lusa, João Vieira Lopes.

O sector do comércio emprega 750 mil pessoas em Portugal, dos quais, apenas 60 mil trabalham em grandes superfícies e grandes cadeias, sustentou aquele responsável, defendendo o papel do comércio tradicional.

"Cada posto de trabalho criado no grande comércio gera a perda de quatro empregos no comércio tradicional", sustentou, referindo que a abertura de grandes superfícies levou à perda líquida de 54 mil empregos no comércio, nos últimos dois anos e meio.
Por isso, a Confederação está pessimista e considera que o número global de desempregados continuou a aumentar em 2007 e a taxa de desemprego vai subir em 2008.
O crescimento do desemprego "não foi contido" e o crescimento líquido do emprego "por si só, é pouco significativo", afirmou o responsável.

Na tradicional mensagem de Natal, o primeiro-ministro José Sócrates elegeu o desemprego como o problema social que mais o preocupa.
Na mensagem, o primeiro-ministro reconheceu que "ainda não foi possível reduzir a taxa de desemprego", mas insistiu que a economia portuguesa "já está a criar mais empregos do que aqueles que se perdem".
Para o efeito, Sócrates mencionou dados do Instituto Nacional de Estatística, segundo os quais, desde Março de 2005, "a economia criou em termos líquidos 106 mil novos empregos".
Para João Vieira Lopes, "as taxas de crescimento da economia portuguesa, além de serem baixas, repercutem o crescimento de alguns sectores e de algumas grandes empresas, mas não reflecte a situação de milhares de pequenas e médias empresas (PME), que continuam em dificuldades e a reduzir emprego".
Vieira Lopes apontou, também, a necessidade de medidas de discriminação positiva das PME, que representam três quartos do emprego nacional.
FVZ/TD
© 2007 LUSA

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